Conheça trajetória de Edilene Alves, coreógrafa de Léo Santana e outros artistas baianos
Também dançarina, baiana acumula nomes no currículo como Xanddy e Ivete Sangalo, além de ter sido escolhida Deusa do Ébano em 2009. Coreógrafa baiana fal...
Também dançarina, baiana acumula nomes no currículo como Xanddy e Ivete Sangalo, além de ter sido escolhida Deusa do Ébano em 2009. Coreógrafa baiana fala sobre relação com a dança Nesta quarta-feira, Dia da Consciência Negra, o g1 apresenta perfis de baianos que se destacam em diferentes modalidades artísticas. Edilene Alves ainda era criança quando começou a se identificar com a dança e a ver na arte uma possibilidade de futuro. Agora, aos 34 anos, a baiana acumula um currículo recheado com nomes como Léo Santana, Ivete Sangalo, Saulo Fernandes e Xanddy Harmonia. O exemplo a dançarina e coreógrafa encontrou na mãe, que sempre esteve envolvida em movimentos culturais e religiosos de Salvador, onde a família mora. De quadrilhas juninas aos blocos afros, a matriarca, que também é ialorixá, se fez presente e conduzia a filha. Edilene Alves é baiana, dançarina e coreógrafa de artistas como Léo Santana Reprodução/Redes Sociais "Sempre fui influenciada pela minha família e também pela minha religião. Eu sou candomblecista, minha mãe é uma ialorixá. Eu sempre vivi a prática das danças dos orixás muito forte dentro do terreiro da minha mãe. Então, eu já cresci vivenciando essa questão artística (...) tanto para o lado da religião como para o lado do mundo do show business, do entretenimento", conta. O reconhecimento chegou a partir dos 5 anos, quando Edilene começou a competir e os títulos chegaram. Ao passar do tempo, ela decidiu se profissionalizar e passou por grandes escolas de dança do estado, como o Balé Folclórico da Bahia e Escola de Dança Funceb. "Começaram a surgir os convites para fazer seleções aqui em Salvador, para participar dos balés dos grandes artistas. Um dos grandes artistas que primeiro cedeu o palco para mim foi a Harmonia do Samba, hoje Xanddy Harmonia. Quando eu completei 18 anos, eu já tinha a dança como fonte de renda", afirma. Finalista do Prêmio Jabuti com 'Mata Doce', Luciany Aparecida defende narrativas sobre mulheres fortes: 'Histórias de liberdade' Edilene Alves é dançarina e coreógrafa de Léo Santana Reprodução/Redes Sociais Em meio à carreira como dançarina, a baiana também se consagrou Deusa do Ébano, do Ilê Aiyê, em 2009. Com a oportunidade, vieram mais experiências, com direito uma viagem por lugares como África, Ásia e Estados Unidos, mostrando o talento e também o poder do primeiro bloco afro do Brasil. "Foi uma responsabilidade, e é, né? Que a gente nunca deixa de ser Deusa. Uma vez Deusa, sempre Deusa. Para além da dança e da beleza, é um ato político. Você está ali se mostrando uma representante de uma grande massa, onde eu sempre falo que, quando eu era criança, eu não me via na televisão. Os concursos de miss eram com mulheres brancas, com padrão europeu, as Paquitas eram todas brancas, então, quando eu chegava no bloco Ilê Aiyê, que eu via aquelas deusas eu me enxergava". "Com o tempo que eu estava ali dançando, que eu estava mostrando a minha beleza, eu estava fazendo um movimento de reparação, de mostrar que nós também podemos, nós também temos espaço, nós temos capacidade para entrar e sair de qualquer lugar", diz. Representatividade comemorada pela coreógrafa, que destacou esse local de fala em entrevista ao g1. Para ela, a cada projeto entregue estão presentes também as mãos das ancestrais. "Para mim, é motivo de honra, qualquer projeto que eu recebo, qualquer palco que eu subo, qualquer lugar que eu venha levar a minha dança, é de honrar essas pessoas, de quem chegou antes de mim e que abriram portas para que hoje eu estivesse aqui". Baiano Thiago Rosarii se tornou referência em fotografia de casamentos e faz sucesso entre famosos Edilene Alves foi Deusa do Ébano em 2009 e atua como coreógrafa do bloco afro Arquivo Pessoal ESPECIAL: Confira a página especial do Novembro Negro no g1 Bahia Dançarina, coreógrafa e candomblecista Coreógrafa baiana fala sobre relação com o candomblé Entre um show e outro, Edilene Alves administra também a vida religiosa. Uma tarefa complicada para alguém com uma rotina tão agitada. Iniciada desde os 15 anos, ela sempre esteve muito próxima do Candomblé e, atualmente, carrega a responsabilidade de cuidar de quem chega à Casa liderada pela mãe. "Eu confesso que hoje em dia eu não tenho mais a assiduidade que eu tinha antes. Com a questão da reverberação do meu trabalho, com a quantidade de projetos que tem chegado na minha vida, eu não consigo mais estar presente como eu era antes, quando eu era mais jovem, que eu morava literalmente lá. Então, eu tento estar presente nas datas que eu estou em Salvador. Eu ajudo da forma que eu posso", destaca. Quem conta muito com esse apoio é a ialorixá, com quem ela mantém um contato contínuo, mesmo quando está fora do estado. No ano passado, a baiana chegou a se afastar do trabalho por um mês, para acompanhar os 50 anos de iniciação da mãe. "Assim como eu abro mão de muitas coisas do âmbito familiar e espiritual para estar no meu trabalho, esse foi o momento de eu chamar, principalmente Léo Santana, que é o cantor que eu trabalho diretamente, e conversei com ele. E ele foi muito tranquilo. Só precisei ajustar, deixar o balé organizado, preparar as meninas que iriam estar no meu lugar". Luta contra o preconceito Coreógrafa baiana fala sobre representatividade de pessoas pretas na dança Nas redes sociais, Edilene também lida com o preconceito, que se revela diante da demonstração da religião entre as publicações feitas pela artista. Um problema que, apesar de chatear a coreógrafa, só a motiva a se posicionar ainda mais, trilhando os passos da mãe. "A cada vez que eu me mostro que sou do candomblé, é grande a quantidade de seguidores que eu perco. Muitas vezes as pessoas chegam até a minha rede por causa de um vídeo ou por causa de um post que o artista fez, mas, por conta da minha religião, elas não seguem". "Vocês conseguem enxergar o tamanho da intolerância religiosa, o tanto que o racismo é impregnado e o tanto que ele engessa a cabeça das pessoas. Mas isso pra mim não é problema, porque eu não penso em quantidade, eu penso em qualidade. Minha religião não largo por nada, não tenho vergonha". Para o futuro, a baiana vislumbra um momento diferente para ela e para quem está por vir, sem preconceito e sem limitações. "Eu desejo ver mais meninas com o perfil como o meu ocupando espaços de trabalho. E eu sei porque eu lido diretamente com isso. Eu tenho um sonho onde a cor da pele não seja um tabu, o cabelo não seja um tabu, nem a religião, e sim a capacidade daquela pessoa". Edilene Alves e a mãe, que é ialorixá Reprodução/Redes Sociais Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻